A produção com temática espírita teve o orçamento de 20 milhões, valor considerável para uma obra nacional, mas considerado o valor limite para uma obra independente nos EUA.
Enfim...Vamos a história básica do filme para que vocês possam entender o resto da crítica sem maiores problemas:"Ao abrir os olhos André Luiz (Renato Prieto) sabe que não está mais vivo, apesar de ainda sentir sede e fome. Ao seu redor ele apenas vê uma planície escura e desértica, marcada por gritos e seres que vivem na sombra. Após passar pelo sofrimento no purgatório, André é levado para a cidade de Nosso Lar. Lá ele tem acesso a novas lições e conhecimentos, enquanto aprende como é a vida em outra dimensão."Irei falar de cada aspecto do filme em particular para que a crítica fique menos maçante e sucinta para quem queira saber um aspecto ou outro individualmente:
Elenco: Não é o trunfo do filme. O protagonista interpretado por Renato Prieto se sai muito bem, sendo uma grata surpresa. Do restante do elenco merecem destaque Othon Bastos, Paulo Goulart e Ana Rosa pelas suas pequenas participações. O restante do elenco se encontra ou na média ou um pouco abaixo em certas cenas, sendo um pouco caricato e irreal em suas emoções.
Efeitos: Aqui está um quesito muito visado nesta obra devido a sua temática. Muito se tem, comentado sobre a evolução do Brasil neste quesito pelo filme, mas isto é verdade? Sim, sem sombra de dúvidas sim. É o maior filme brasileiro em relação aos efeitos visuais e sonoros. Com perdão pela comparação, mas é o nosso Avatar! O primor técnico máximo alcançado pela cinema nacional. Conseguiu-se o feito graças a empresa canadense que foi contratado, a Intelligent Criatures, responsável por produções americanas como Watchmen, Fonte da Vida e Anjos da noite. Mas nem tudo são flores, os efeitos visuais não são perfeitos. Em certos momentos percebemos um visual um pouco artificializado. Mas sem dúvida foi dado um passo importantíssimo no cinema nacional.
Trilha sonora e fotografia: Profissionais também importados. A trilha do filme está nas mãos do indicado 3 vezes ao oscar Philip Glass e a fotografia na mão do suíço Ueli Steiger. Nestes 2 quesitos a obra é bom positiva. A trilha dá o tom certo em todos os ambientes do filme, apenas em poucas partes se demonstra um pouco repetitiva. A fotografia é genial ao dar o tom religioso à obra.
Direção e roteiro: Ficaram ao encargo da mesma pessoa: Wagner de Assis que encontra aqui seu primeiro trabalho como diretor. O roteiro do longa foi bem adaptado do livro, de forma que os fãs irão gostar, mas para o restante da população poderá ser maçante e excessivamente didático de forma a afrontar nossa inteligência. A narração se demonstra por muitas vezes desnecessária, sendo dito apenas o que se vê, sendo este fato notável na primera cena do longa. Já a direção tem seus méritos ao criar situações emocionantes e interessantes, porém peca ao se juntar com o roteiro. O filme parece que vai acabar por ao menos 4 vezes, de forma que o final parece ficar um pouco arrastado. A ausência que um clímax ou um rumo para o filme também incomoda. A direção merece certo destaque nas cenas da 2ª guerra mundial que dá o clima de apreensão e emoção na medida certa.
Direção de arte, maquiagem e figurinos: Tem seus méritos por retratar um ambiente tão difícil. A maquiagem e o figurino fazem bem seu trabalho, na medida e tom certo, enquanto a direção de arte tem seus altos e baixos. Em partes ela é realmente interessante como na parte do inferno ou nas partes que retrata a vida encarnada do protagonista, já ao se tratar do Nosso lar, a direção de arte falha algumas vezes, numa ambientação irregular da cidade, onde se percebe certa discrepância lógica no interior das habitações que chegam a usar quadros azuis psicodélicos para tentar mostrar que ali não é uma cada comum e sim uma casa do Nosso lar.
Agora que analisamos o filme por partes, pode-se fazer um levante geral da minha humilde opinião sobre a obra: Como muitos já disseram o filme representa um grande avanço técnico, porém um retrocesso narrativo. Já tivemos obras aqui que gastaram muito menos e foram muito melhores por terem um roteiro, atuação e direção mais eficazes, visto Central do Brasil e Cidade de Deus. Em síntese, o filme vale como um divulgador das idéias espíritas em detrimento da qualidade cinematográfica.
NOTA: 6,0
Abraço a todos!
UMA ÚLTIMA NOTA:
Fico feliz em informar que no primeiro final de semana, o filme já foi assistido por mais de 500 mil pessoas e arrecadou em média R$ 6 milhões, sendo a 2ª maior estréia do cinema nacional, perdendo apenas pra Chico Xavier, outra obra de temática espírita. Parece que dessa forma, teremos muito mais filmes explorando o assunto.
