Harry Potter e as relíquias da morte - Parte 2

Dez anos se passaram desde que o primeiro filme da saga foi lançado e pouco mais de quatorze desde o primeiro livro. Desse tempo para cá, a série se tornou uma verdadeira febre, arrebanhando uma infinidade de fãs. Muitos cresceram junto com as personagens, lendo religiosamente cada livro, comentando, pensando, discutindo, enfim... Harry Potter fez/faz parte da vida de muita gente. Porém no dia 15 de julho de 2011 estreiou o último filme dessa aventura que marcou uma geração. Dessa forma, para muitos, chegou o momento do adeus.

Os filmes da saga passaram por altos e baixos. Os diretores do filme trocaram quase tanto quanto os professores de defesa contra as artes das trevas e, para muitos, isso representou ponto negativo para um bom andamento dos filmes. Cada qual dava seu toque, prejudicando em parte a unidade como um todo. O primeiro filme foi uma bela introdução, bem realizada. O 2º não evoluiu um palmo na estrutura do filme anterior. Já o 3º foi a revolução e para muitos é o melhor da série, méritos do genial diretor Alfonso Cuarón. O 4º dirigido pelo normalmente fraco Mike Newell foi desanimante e o 5º continuou nesse patamar. A partir deste último um diretor se efetivou no posto: O nem tão experiente David Yates. O 6º reergueu a série, tendo trazido um clima mais sombrio e bem trabalhado, ajudado pela deslumbrante fotografia. O 7.1 desanimou um pouco novamente para muitos, inclusive a mim, e trouxe a reflexão de qual propósito teria para a divisão do último livro em duas partes. E enfim, chegamos ao último. Muitos choraram com certas mortes, torceram, ficaram revoltados, enfim, realmente viveram com intensidade e vício a plenitude da obra. Mas vamos para minha humilde opinião do último filme:

O filme começa muito bem, com uma trilha diferente do tema principal rolando, enquanto mostra como Hogwarts está numa era negra com Severo Snape como diretor. Essas cenas sem diálogo antes de aparecer o título do filme são muito interessantes e trazem algo a mais para o todo. O filme vai rolando e é fácil perceber um ritmo bem construído, sem desanimar em parte alguma ou fazer você torcer o nariz com aversão a certa cena ou outra por parecer forçada ou desnecessária. No decorrer da história consegue-se perceber como o diretor já amadureceu e ganha mais familiaridade com a história. Sua direção é eficaz, certeira.Passadas certas cenas, começam a aparecer outras que darão origem a grande e esperada batalha final e, neste sentido, o filme também merece muitos pontos por dar um bom clima épico, sem exageros. Faz aqueles mais aficcionados vibrar com as conversas e lutas.

Articulações, guerras e preparações vão acontecendo, todas com efeitos visuais de primeira qualidade e auxiliadas pela trilha sonora muito bem feita. Toda a história vai rolando e agradando tantos aos que leram os livros, pela excepcional adaptação e também aqueles que não o fizeram, por desenvolver toda a história, motivações e resultados de forma harmoniosa, sem atropelos como em certos filmes anteriores ou sem ser lerdo demais, também como em filmes anteriores.A história vai rapidamente se aproximando do fim, sem nenhuma falha muito grave, e bem "redondinho". Alguns poucos pontos podem ser vistos de forma negativa, como certas batalhas que sem dúvida poderiam ser melhores, ou certo desenvolvimento de relacionamentos que parecem meio repentinas e sem o apreço que mereciam. Este pode ser encarado como falhas dos filmes como um tudo e não necessariamente como problema único desse filme.Os atores no geral também vão bem, cada qual defendendo bem sua parte. Alan Rickman compõe um Snape excelente desde o princípio e é aqui que consegue sua redenção. Certa cena que ele aparece com a Nagini [sem querer dar spoiler] me surpreendeu muitíssimo de forma positiva, bem realizada e realística. Ralph Fiennes segura-se bem no seu Voldemort, mesmo com quilos de maquiagem. A grande atriz Maggie Smith consegue maior participação na produção, com méritos também, assim como Michael Gambon e Helena Bonham Carter. Até mesmo o trio principal se sai bem, com destaque para Emma Watson. Óbvio que com a infinidade de personagens sem muito espaço nos filmes anteriores, fica difícil se sustentar, mas até que tentam. No geral, os maiores problemas do filme para mim, na verdade, decorrem das produções anteriores.Algumas mortes conseguem transmitir algo, mesmo não tendo todo o drama que poderiam. As memórias de certo personagem também são magnificamente organizadas, informando muitas coisas de forma clara em pouco tempo, méritos para o roteiro e direção. Além disso, o filme consegue emocionar muitos em algumas partes.

Como outro aspecto negativo, considero o final. Ok que foi adaptado bem do livro, mas ficou fraco. A maquiagem das personagens foi bem deficiente e não conseguiu transmitir aquele espírito de "despedida" que o livro passa. Ficou um fim meio "tanto faz", pouco aproveitado.

Mas é isso, depois de tanto tempo, saímos da sala de cinema sabendo que jamais assistiremos a outro filme do bruxo, chegou a um fim. Milhares de fãs entram em depressão pós-filme [como vi em alguns orkuts e facebooks, rsrs!], deixará saudades, mas será eternamente lembrado, mesmo com seus filmes, por vezes, problemático. Quem não vai lembrar eternamente do tema composto por John Williams para o filme? Esperar cada livro foi uma experiência interessante e trouxe, para muitos, o gosto por leitura. De forma ou de outra, Harry Potter marcou muitas pessoas, mas é hora de dizer adeus. Porém não tenho dúvidas de que todo esse mundo mágico vai durar por muito tempo em nossas mentes e dificilmente será, um dia, substituído.

NOTA: 9,0