Nosso Sonho Olímpico

Como a grande maioria aqui do blog sabe, eu sou de fato um amante de esportes. Por isso meu coração bateu mais forte quando, como o Anderson disse nesse mesmo blog, foram pronunciadas as palavras Rio de Janeiro, na fria e distante Copenhague, na tarde (no Brasil) do dia 2 de Outubro. 

Entretanto, por amar o esporte, não posso me dar ao luxo de aplaudir, como grande parte da população fez, a nossa delegação de políticos/ilustres que trouxe a Olimpíada para terras tupiniquins. Eu e quem realmente tenta enxergar o que acontece ao esporte nacional. 

Nessa mesma semana, da escolha do COI pelo Rio, um velocista chamado Vicente Lenílson perdeu seu emprego. Simplesmente por ser amigo do técnico Jaime Neto, envolvido em um escândalo recente de doping que derrubou boa parte da estrutura do atletismo nacional. Faz parte da nata do esporte brasileiro. Ou melhor, fazia, pois agora não tem lugar sequer para treinar. Vestígios do mau tratamento aos esportes olímpicos no Brasil.

Destaque para o ótimo blog do jornalista José Roberto Malia: "A festa olímpica está orçada em R$ 25 bilhões, mas pode chegar a R$ 250 bilhões - o Pan(demônio) iria consumir R$ 400 milhões, mas acabou devorando R$ 4 bilhões.".

O bolso dos brasileiros nunca esteve tão ameaçado. Talvez fosse melhor continuar sem Olimpíada, sendo assaltado do modo corriqueiro. (Se bem que, o assalto via política é há muito tempo uma modalidade altamente praticada, não é mesmo?)

Melhoria dos transportes, infra-estrutura, saúde e educação, em meu entendimento, nunca deveriam estar vinculados à escolha do Rio como sede. É OBRIGAÇÃO daqueles que nós elegemos. Será que se Madri estivesse comemorando agora, estaríamos falando da tão necessária reforma da cidade? Tenhho minhas dúvidas.

Isso sem falar no tratamento dado à Educação Física na maioria das escolas públicas. Se é que aquilo pode ser realmente chamado de Educação Física. O esporte nacional se faz não somente com os atletas profissionais. Se faz com todo ser humano que pode ser chamado de brasileiro. Desde o lazer do recém-nascido, até a hidroginástica contra a velhice. 

Se aqueles homens que aplaudimos ontem realmente se preocupassem com o esporte, não se precisaria tanto de hospitais e prisões. Porque, o esporte, em sua essência, nada mais é que a grande arma da saúde e da educação, belissimamente mascarada pelo lazer. 

Que a Olimpíada faça o respeito pelo esporte surgir nos nossos cartolas. E o povo aprenda a fiscalizá-los. Porque vai ser preciso.