segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

127 horas

Imagine-se na seguinte situação: Sua mão ficou presa numa pedra impossível de ser retirada e você está dentro de uma fenda onde ninguém conseguirá te encontrar. A água está quase no fim e não há comida. Paredes te expremem.Você está neste mesmo ponto sem poder sair a mais de 100 horas. O que você faria? Iria se matar, lembraria de momentos da sua vida? Choraria? Pensaria, o que teria acontecido SE eu fizesse isso ou aquilo na minha vida? Entraria em desespero? É nesta situação de mais profundo desespero que o protagonista de 127 horas se encontra e é assistindo a este turbilhão de sentimentos de desespero que passamos pouco mais de 90 minutos.
O filme é dirigido pelo vencedor do oscar de melhor diretor pelo vencedor de 8 oscar "Quem quer ser um milionário?", Danny Boyle. A equipe de seu último filme está novamente reunida para dar vida ao filme. Temos o mesmo diretor de fotografia, compositor e roteirista oscarizados por exemplo.

No princípio somos apresentados ao espírito de aventura da personagem central para depois sermos atirados ao realismo do acidente e de tudo que esta ação desencadeia. Aqui já destaco a atuação sublime de James Franco, o eterno Harry Osborne. É possível perceber uma completa entrega do ator ao papel. Percebemos o desespero da situação e da personagem com extremo louvor de realismo devido a sua atuação. Com o passar das horas, seu semblante vai mudando ,assim como sua voz, de forma assustadoramente real. É incrível como uma câmera, uma pedra e James Franco conseguem segurar todo o filme. Pode-se dizer que de fato James Franco atua sozinho no filme praticamente inteiro. Indicação justíssima nos prêmios até aqui e sua primeira nomeação ao oscar já é certa.O roteiro é desenvolvido com primor. De forma extremamente realista, nos apresenta o desencadeamento de pensamentos de uma pessoa em tal situação. Posto nela, pensaríamos em que? Faríamos o que? O roteiro do filme, aliado a direção, nos faz refletir um pouco até onde vamos para nossa sobrevivência? Beberíamos urina por exemplo? Ou aceitaria sua morte?

Porém, nem tudo são flores. Em certas partes o filme fica meio "parado". Afinal, passamos muito tempo acompanhando a situação dentro da fenda e, evidentemente, não acontece muita coisa. Vemos seu desespero e acompanhamos alguns flashbacks, mas isto traz problemas sérios de ritmo e, por vezes, desanima a continuar assistindo ao filme. Este, para mim, é o principal problema que encontramos aqui.O filme tem praticamente garantido as indicações ao oscar de melhor filme, ator e roteiro adaptado. Mas acho possível sua indicação a trilha sonora, canção original, montagem e quem sabe fotografia ou mixagem de som. É um filme bom, mas não o melhor de Boyle e de sua trupe. Sua direção merece méritos, não sei se é merecedora de uma indicação ao oscar, pois ainda não vi todos os contenders, mas acredito que ele concorra com os irmãos Coen e David O. Russel pela 5ª vaga, já que é quase certo que as outras 4 serão de David Fincher, Darren Aronofsky, Christopher Nolan e Tom Hooper.

Considero este um filme interessante que nos põe de fato, nos fazendo viver, uma situação limite. O filme usa e abusa de um realismo cru e cenas até mesmo fortes. Só para ter uma idéia, pessoas desmaiaram com cenas do final quando o filme foi mostrado no festival de Toronto. É interessante constatar que toda esta saga é real e aconteceu com o alpinista Aron Ralston. Não há efeitos hollywidianos ou finais perfeitos do estilo Disney, ajudas não vem do nada, aqui é vida real.

NOTA: 8,0

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